Elenco:
Alfredo Murphy – Sandoval
André Valli – Claudius
Betty Faria – Lucinha
Carlos Duval – Aguiar
Cidinha Milan
Daisy Machado
Dary Reis – Ernani
Débora Duarte – Vilma
Dennis Carvalho – Nélio
Elizangela – Emilene
Elza Gomes – Bá
Emiliano Queiroz – Valdir
Ênio Santos – Delegado
Fábio Mássimo – Paulo Roberto
Fernando José – Dr. Altino
Francisco Cuoco – Carlão
Georgiana de Moraes
Germano Filho – Orestes
Gilberto Martinho – Raimundo
Gilson Moura – Jurandir
Glória Ladany – Aurora
Haydée Fernandes
Hélio Fernandes – César
Heloísa Helena – Hortência
Hemílcio Fróes
Hortênsia Tayer – Vera
Ilva Niño – Alzira
Isolda Cresta – Mafalda
Ivan Cândido – Coutinho
João Carlos Barroso – Valter
José Marinho
Juan Daniel
Lady Francisco – Rose
Lauro Góes – Virgílio
Leda Borba
Leina Krespi – Elizeth
Lima Duarte – Salviano Lisboa
Luís Fernando Vasconcelos
Luiz Armando Queiroz – Vicente
Lutero Luiz – Marciano
Malu Rocha – Cibele
Marco Nanini – Vinícius
Maria Pompeu – Djanira
Mário Lago – Perez
Mary Daniel
Milton Gonçalves – Percival
Moacyr Deriquém – Ricardo
Myrian Pires – prima da Bá
Nadir Fernandes – Vera
Nestor de Montemar – Roger
Rosamaria Murtinho – Eunice
Sandra Barsotti – Gigi
Theresa Amayo – Vitória
Valdir Maya - Zoca
Zanoni Ferrite – Miguel

Trama/ Personagens:
- Produzida em pouco tempo para substituir a versão censurada de Roque Santeiro, Pecado capital acabou se tornando um dos maiores sucessos do horário das 20h. A autora Janete Clair acrescentou ao seu estilo um pouco do realismo social e do universo suburbano que Dias Gomes usara em Bandeira 2 (1971). A novela discutia valores humanos e sociais a partir do triângulo amoroso composto por um taxista às voltas com um dilema ético; um industrial rico, mas solitário; e uma jovem ingênua, porém ambiciosa.
- José Carlos Moreno, o Carlão (Francisco Cuoco), é um chofer de táxi machista e truculento, mas boa-praça e amado pelos vizinhos do bairro onde mora, no subúrbio. Trabalha durante o dia para sustentar seu pai, Raimundo (Gilberto Martinho), que tem problemas cardíacos. Carlão está noivo de Lucinha (Betty Faria), com quem tem uma relação apaixonada, mas tumultuada por brigas e ciúme. Sua vida muda depois que assaltantes de banco em fuga esquecem uma mala com o dinheiro roubado no banco de trás do seu táxi .
- Dividido entre o receio de ser acusado de cúmplice dos assaltantes se tentar devolver o dinheiro, e os escrúpulos em usá-lo para resolver seus problemas pessoais, Carlão passa a viver sob constante drama de consciência. Depois que seu pai é internado em estado grave, ele usa parte do dinheiro para dar conta das despesas médicas, mas logo em seguida jura não tocar mais nele. A situação do taxista piora quando Eunice (Rosamaria Murtinho), que era amante de um dos assaltantes e também estava no táxi no dia do assalto, descobre que ele ficou com o dinheiro e passa a chantageá-lo.
- Lucinha também mora no subúrbio com a mãe Alzir (Ilva Nino), o pai Orestes (Germano Filho) e a irmã Emilene (Elizângela), com quem trabalha como tecelã na fábrica Centauro. Embora esteja sempre de bom-humor, no fundo se ressente da pobreza da família e sonha em conseguir melhorar de vida. A oportunidade aparece quando ela é descoberta, durante o trabalho, por Nélio Porto Rico (Dennis Carvalho), responsável pela publicidade da Centauro, que está às voltas com o lançamento da nova coleção primavera-verão da fábrica. Ele fica impressionado com a beleza da moça e a convida para ser a estrela da campanha publicitária.
- Mesmo temendo contrariar o ciumento Carlão, Lucinha acaba aceitando a proposta e posa para a campanha, chamando a atenção de Salviano Lisboa (Lima Duarte), dono da Centauro e de mais uma cadeia de lojas. É um chefe justo, porém excessivamente rigoroso com seus funcionários, que fingem amá-lo quando, na verdade, o temem. Viúvo, muito rico e solitário, tem dificuldades para se relacionar afetivamente com as mulheres e com os filhos: Vitória (Theresa Amayo), Vinícius (Marco Nanini), Vicente (Luiz Armando Queiroz), Vilma (Débora Duarte), Válter (João Carlos Barroso) e Virgílio (Lauro Góes).
- Lucinha prospera na carreira de modelo e passa a ser disputada por Salviano e Carlão. O jeito rude e o ciúme excessivo do taxista acabam colaborando para que, mesmo apaixonada, ela termine o noivado. Carlão acaba se envolvendo com Eunice, e os dois se casam. Lucinha começa a manter uma relação amorosa com Salviano. O relacionamento sofre a oposição dos filhos do empresário, que não aprovam a união do pai com uma mulher mais jovem e de outra classe social. A única a se colocar a favor de Salviano é a governanta Bá (Elza Gomes), que ajudou a criar os seus filhos e é uma espécie de confidente.
- Vilma, a filha caçula de Salviano, apresenta sintomas de esquizofrenia e crises de agressividade abruptas que a impedem de se relacionar com os outros membros da família. O único que consegue lidar com a jovem é o seu psiquiatra, o doutor Percival Garcia (Milton Gonçalves). Negro, culto e bem-sucedido profissionalmente, o personagem representava uma tentativa de Janete Clair de chamar a atenção para a discriminação racial no Brasil. A autora ensaiou o início de um romance entre doutor Percival e Vitória, a filha mais velha de Salviano, cujo casamento com o dominador Ernani (Dary Reys) estava terminando. Entretanto, o público reagiu mal, e a história entre os dois não aconteceu.
- Janete Clair também tocou no polêmico assunto do celibato religioso. O frei Virgílio (Lauro Góes), filho de Salviano que morava nos Estados Unidos, volta ao Brasil e se vê tentado a abandonar a vocação religiosa para levar adiante sua paixão pela fogosa Emilene, irmã de Lucinha. Dessa vez, os telespectadores aprovaram o casal, mas em vão. No fim da novela, o frei Virgílio se decidiu pela batina.
- O sucesso profissional afasta Lucinha cada vez mais da realidade de Carlão. Ela começa a se sofisticar e a se envolver de verdade com Salviano. Ainda apaixonado, e louco de ciúmes, Carlão volta atrás na sua decisão de não usar o dinheiro do assalto e decide provar à ex-namorada que é capaz de competir com Salviano. Assim, ele compra uma frota de táxis e dá início a sua ascensão social como empresário suburbano, dando emprego e ajudando moradores da comunidade.
- O sucesso de Carlão é grande o bastante para chamar a atenção dos assaltantes de banco, que não haviam sido capazes de localizar o paradeiro do dinheiro desaparecido. No final da novela, os mesmos jornais que anunciavam o casamento de Lucinha e Salviano estampavam, em manchetes de primeira página, a notícia da morte de Carlão, assassinado por bandidos em um canteiro de obras do metrô do Rio de Janeiro.
- A sinopse original de Janete Clair previa que Lucinha terminaria a novela com Carlão, que devolveria o dinheiro no fim da trama. Mas o diretor Daniel Filho conta que as várias modificações que sugeriu para o roteiro levaram a novela para outro rumo. Uma vez que o romance de Lucinha com Salviano havia indiscutivelmente ganhado força na história e conquistado o público, o diretor ponderou com a autora que seria um erro desfazer o casal. Ponderou, ainda, que um amor como o da tecelã e o taxista só deixaria de existir graças a uma tragédia. Para Daniel Filho, a condição para que Lucinha ficasse com Salviano era que Carlão morresse. Janete Clair não aceitou a sugestão de Daniel Filho de imediato. Ela achava que a morte do protagonista provocaria revolta no público, que hesitaria em se afeiçoar aos personagens em uma próxima novela. O diretor a convenceu a mudar de idéia argumentando que era preciso provar ao telespectador que a televisão era capaz de surpreendê-lo.
- A cena em que Carlão é perseguido e morto pelos assaltantes no último capítulo de Pecado capital, caindo abraçado à mala com o dinheiro roubado, está entre os momentos antológicos da televisão brasileira. Pela primeira vez, o herói de uma telenovela morria no fim da história. O desfecho causou, de fato, alguma revolta popular, mas também significou um marco na história da teledramaturgia.

Produção:
- Para reconstituir com rigor realista o universo suburbano do Rio de Janeiro, a equipe de produção de Pecado capital pesquisou e desenvolveu laboratórios no subúrbio carioca.
- Em algumas cenas, que não constavam do script, os personagens pobres da novela usavam os trens urbanos da cidade para se locomover, algo até então inédito em telenovelas.
- Grande parte das gravações externas foi realizada nos bairros do Méier e do Catete, na época em obras para a implantação do metrô. Entre os cenários externos da novela estavam as fachadas da fábrica de tecidos América Fabril, em Deodoro; a boate 706 e o restaurante Mário, no Leblon; e a estação de trens da Central do Brasil. As cenas da Fábrica Centauro foram gravadas no magazine Hélio Barki, em Copacabana.
- Foram aproveitados alguns cenários que seriam usados na versão censurada de Roque Santeiro, como o pátio interno da casa da Viúva Porcina que, pintado novamente com outras cores, tornou-se o pátio da casa de Salviano Lisboa.
- Para criar um outdoor da Centauro, que levaria dois meses para ser produzido, a direção recorreu a um truque cinematográfico. A superposição de uma chapa de cristal a uma foto, e a abertura total da grande angular da câmera, criava a impressão de que a foto era um outdoor verdadeiro, do outro lado da rua.
- Os figurinos também foram concebidos de acordo com o mesmo conceito de realismo brasileiro. O diretor Daniel Filho e a figurinista Marília Carneiro decidiram que não seriam confeccionadas roupas para os personagens. Em vez disso, Marília Carneiro saiu pelas ruas para barganhar com as pessoas. Trocava as roupas que elas estavam usando por peças novas em folha, e depois entregava aos atores as peças que reuniu. Francisco Cuoco completou a caracterização de Carlão engordando um pouco e deixando crescer bigode e costeletas.
- Toda a seqüência da morte de Carlão foi gravada no Metrô do Largo da Carioca, no Centro do Rio.

Curiosidades:
- Em 1975, estava tudo pronto para a exibição da primeira versão de Roque Santeiro, quando, às vésperas da estréia, a censura vetou a novela, instaurando uma crise na programação da Rede Globo. Um compacto de Selva de pedra foi levado ao ar enquanto a emissora estudava sinopses que pudessem ser produzidas no curto prazo de três meses. Janete Clair, que já passara pela experiência de escrever uma sinopse em tempo recorde – O semideus (1973) –, se ofereceu para repetir a façanha. Ela deixou !, a novela das sete que escrevia na época, a cargo do colaborador Gilberto Braga e criou a sinopse de Pecado capital.
- A maior parte do elenco de Pecado capital era formado por atores escalados para a primeira versão de Roque Santeiro. Janete Clair escreveu sua trama substituta pensando neles, porque temia que permanecessem muito tempo desempregados.
- Primeira novela em cores transmitida às 20h, Pecado capital estreou com enorme audiência nas maiores cidades brasileiras, e é considerada por muitos a melhor novela de Janete Clair. Segundo Daniel Filho, foi esse o momento em que a Rede Globo começou a fazer uma telenovela realmente brasileira, com personagens próximos ao povo. O protagonista era um taxista bem carioca, machista, malandro, afastado da imagem estereotipada do galã e mais próximo da figura do anti-herói, falível e cheio de ambigüidades.
- Francisco Cuoco aceitou o desafio de interpretar um tipo que em nada lembrava seus personagens anteriores. O ator conta que uma das chaves para a criação de Carlão era o andar malemolente, quase libidinoso, do personagem. A orientação de Daniel Filho era para que ele andasse em cena “como se estivesse subindo uma ladeira”.
- Daniel Filho teve também que convencer Betty Faria – sua esposa, na época – a aceitar o papel de Lucinha. A atriz, que interpretaria a Viúva Porcina na primeira versão de Roque Santeiro, não se entusiasmou de imediato com o papel, julgando-o parecido demais com as mocinhas clássicas que marcaram a carreira de Regina Duarte. Ironicamente, Lucinha acabou sendo um dos seus maiores sucessos na televisão. E, mais ironicamente ainda, Regina Duarte foi a intérprete da Viúva Porcina quando Roque Santeiro foi finalmente levada ao ar, em 1985.
- O amor de Salviano por Lucinha conquistou a simpatia do público, como ficou comprovado, na época, por uma pesquisa realizada em São Paulo que apontava o personagem de Lima Duarte como o mais popular entre os telespectadores. O ator conta que o grande apelo de Salviano era o seu jeito gentil, porém desastrado, de lidar com as mulheres, característica de um homem que havia se tornado viúvo depois de um casamento de 30 anos, e não sabia como reaprender o jogo da conquista e do amor.
- Segundo Daniel Filho, Boni chegou a pedir que os primeiros capítulos da novela fossem regravados, porque achava que o público se assustaria com as doses maciças de realismo, especialmente na reconstituição do subúrbio carioca. Para a felicidade do diretor – desesperado ante a perspectiva de ter que refazer tudo –, Boni reconsiderou sua opinião e voltou atrás.
- O chefe da equipe de produção, Moacyr Deriquém, também atuou na novela, como Ricardo, o marido de Eunice (Rosamaria Murtinho).
- Milton Gonçalves conta que seu personagem, o doutor Percival, nasceu de um pedido seu à Janete Clair. O ator disse à autora que queria interpretar um personagem “de gravata”, ou seja, um negro que fosse bem colocado na escala social e profissional, tipo raro em telenovelas. Ele queria que o personagem servisse de exemplo para os negros, que não se sentiam representados no universo televisivo.
- Elza Gomes interpretava Bá, a governanta de Salviano Lisboa, quando teve que se afastar da novela para passar por uma cirurgia no coração. A atriz Miriam Pires foi, então, incorporada ao elenco, no papel de uma prima que substituía Bá. Quando não se esperava mais que Elza Gomes retornasse à novela, a atriz se recuperou e voltou a gravar. Na cena do retorno de Bá os atores estavam tão emocionados que choraram de verdade.
- Os atores e a equipe de produção de Pecado capital formaram um time de futebol, comandado pelo técnico Dary Reis, que fez o papel de Ernani, na novela. Entre os jogadores estavam Francisco Cuoco, Dennis Carvalho, Milton Gonçalves e João Carlos Barroso, além dos diretores Daniel Filho e Jardel Melo.
- Pecado capital fez tanto sucesso que se transformou em um dos assuntos do álbum de figurinhas Brasil Capital, que trazia cromos autocolantes com os personagens da novela.
- A novela foi vendida para países como Bolívia, Peru, Guatemala e Espanha.
- Em janeiro de 1982, a TV Gaúcha exibiu um compacto da novela, às 22h15.
- Um remake de Pecado capital foi produzido e apresentado pela Rede Globo, em 1998, no horário das 18 horas. A novela era assinada por Glória Perez e tinha no elenco Carolina Ferraz, como Lucinha, e Eduardo Moscovis, como Carlão. Francisco Cuoco também atuou nessa segunda versão, desta vez, no papel de Salviano Lisboa. Vilma, personagem que havia sido de Débora Duarte, foi entregue à sua filha, Paloma Duarte.
- A novela contou com as participações especiais de Betty Faria, como uma trocadora de ônibus que tem um breve diálogo com Lucinha, e Lima Duarte, como o bandido que mata Carlão no desfecho da trama.

Trilha sonora:
- Guto Graça Mello, em depoimento publicado no livro de Daniel Filho, conta que Pecado capital também marcou uma mudança no mecanismo de produção das trilhas sonoras da TV Globo. Na época, a norma era que as músicas da trilha sonora fossem compostas por encomenda. Graça Mello achava que o produtor obteria melhores resultados artísticos e comerciais se trabalhasse com a sinopse da novela e com o catálogo das gravadoras, garimpando o que de melhor elas estivessem produzindo e escolhendo as músicas de acordo com o que seria realizado na novela. Graça Mello foi sempre voto vencido, até o dia em que foi convocado em cima da hora para produzir a trilha de Pecado capital e impôs a condição de poder recorrer às gravadoras.
- Outra novidade foi a escolha de um samba para a abertura da novela. Graça Mello e Daniel Filho encomendaram músicas a três compositores. A escolhida foi Pecado capital, composta e gravada pelo músico Paulinho da Viola em cerca de 24 horas. A música tornou-se um dos maiores sucessos do artista, mas não consta de nenhum dos álbuns de sua discografia oficial. Além da trilha sonora da novela, o samba só foi lançado posteriormente em coletâneas do cantor.
- A trilha sonora produzida por Guto Graça Mello também incluía, entre outras, Você não passa de uma mulher, o tema de Lucinha, composta e gravada por Martinho da Vila; e Juventude transviada, tema de Carlão, composta e gravada por Luiz Melodia.
- Na opinião de Daniel Filho, a música de Luiz Melodia caiu como uma luva para o personagem de Francisco Cuoco. A ponto de o diretor ter pedido a Janete Clair que escrevesse uma cena em que Carlão se encontrasse com Melodia em um botequim. A autora concordou, e a cena, na qual os dois fazem uma seresta em frente ao prédio de Lucinha, foi ao ar.
- O tema de Salviano Lisboa era uma versão do clássico argentino El dia en que me quieras, de Carlos Gardel e Alfredo Le Pera, gravado por César Camargo Mariano, sob o pseudônimo Pablo Hernándes Y Sus Vocalistas.
- O músico Paulo Moura compôs e tocou temas incidentais da novela, como um arranjo para contrabaixo e cuíca que marcava as cenas de suspense.

Descrição do arquivo: PECADO CAPITAL (Compacto-Globo-1975) pte. 01

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Descrição do arquivo: PECADO CAPITAL (compacto-Globo-1975) pte. 02

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FIM!